Wednesday, October 18, 2006

O casuísmo orçamental...


Na segunda-feira foi tornado público o Orçamento de Estado para 2007. Aparentemente vamos no bom caminho, na redução da despesa pública e no investimento de áreas importantes como o Desporto e, sobretudo a Ciência! Boas notícias, aparentemente, pois nunca nos foi explicado como é que este aumento de investimento nestas áreas é feito, nem como são calculados estes orçamentos. Seria engraçado saber o aumento real dum orçamento para outro...não me parece que sejam os tão proclamados 8% para o Desporto, ou os 60 e muitos % para a Ciência, por exemplo.
Embora sejam óptimas as notícias para alguns economistas e outros entendidos nas matérias económicas, a mim, leigo nesta área, faz-me confusão um país não apostar em áreas determinantes como a Educação, ou a Saúde! Não é um contra-senso? Então, suponhamos, investimos em ciência e não formamos pessoal qualificado o suficiente para singrar neste campo da ciência e da tecnologia? Então e a aposta na riqueza e na formação de novos valores, sejam eles para o ensino ou para a investigação, não estará a ser negligênciada? E a Saúde? Será de bom tom fechar urgências a torto e a direito, sem rei nem lei? E mesmo assim efectuar cortes e mais cortes?
Penso que a obsessão na redução do défice vai acabar por nos levar a um ponto em que, de facto, temos um défice público dentro dos valores tabelados pela União Europeia, mas com poucos factores de exploração que façam a diferença (e estes sim, nos tempos que correm , responsáveis pela criação de riqueza bruta dum país)!
Às tantas estou a dizer baboseiras, mas é o que penso! Acho que um país que compra tudo o que consome, que compra tudo o que ensina e que compra grande parte da mão de obra especializada deve investir sim, mas em si:
1. na produção e venda dos seus próprios produtos. Lembro-me tão bem da diferença entre os supermercados dos países escandinavos (com produtos seus!) e os nossos supermercados (sem um único produto produzido em Portugal, por vezes);
2. na formação contínua de recursos humanos especializados, fomentando protocolos entre empresas e universidades;
3. na redução da carga fiscal sobre empresas nacionais que queiram iniciar-se no mundo do mercado;
4. na inovação e especialização dum determinado produto, seja ele o Turismo, seja ela a venda da cortiça...
5. e porque não, criando novos incentivos para que algumas multinacionais voltem para o nosso país (pode não ser português, mas pelo menos é feito cá!).
Mas pronto, isto são só umas ideias que trago comigo e com as quais me deparo por vezes...É que ninguém me tira também da ideia que, a crise existe só para alguns! Para outros ela não existiu nunca, e só serviu para reforçar as diferenças que existiam entre ricos e pobres...com um aniquilar da classe média portuguesa! E reduzir nas reformas de alguns dos antigos políticos deste país? O exemplo não deveria vir de cima? Mais acrescento, que muitas das medidas deste governo, por melhor que sejam, isso não discuto, penso que não passam de tomadas de posição casuísticas, que vão servir para remediar agora, mas sem projecção a longo ou a médio prazo! Saúde, Educação são vitais para um país. O sistema de segurança social não tardará a desaparecer e com ele grande parte do comodismo que se instalou em alguns dos trabalhadores públicos, o que será bom, mas também alguma da segurança que pessoas que estiveram na labuta, dia após dia, profissionalmente irá desvanecer-se. Enfim, é o que temos...

3 comments:

Inês said...

E porque não investir na reciclagem e reestruturação dos principios de cada um e, principalmente, daqueles que hoje serão no futuro a alma deste pais!

Anonymous said...

Carreira, concordo absolutamente que se deve investir essencialmente na qualidade das pessoas que formam este país, designadamente, na educação. Porém, nem sempre orçamentos crescentes para o ensino são sinónimo de uma melhoria. Posso estar enganado, mas tenho a nítida impressão que não gastamos menos, em termos proporcionais aos custos salariais e outros implicados na despesa com a educação, do que outros países bem mais avançados nestas matérias. A questão é: será que são condições materiais que faltam ao ensino português (livros, computadores, salas de aula, etc...) e melhores salários para os professores ou, em alternativa, são coisas menos palpáveis como a estabilidade nos programas escolares, a razoabilidade dos mesmos, uma cultura de maior exigência para pais, professores e alunos, etc...?

Carreira said...

Sim claro que tens razão Tiago! Que bom voltar a "ver-te" rapaz...ainda que assim! SO mais um apontamento...outros países se calhar não gastam tanto, é um facto, mas talvez porque já o fizeram, no passado!