Para ti...

Perco-me no tempo...sempre que fecho os olhos e me lembro de ti! O tempo passou tão depressa. Tudo evoluiu à nossa volta, novas vidas surgiram, e outras acabaram por partir. Lágrimas partilhadas, mas também lágrimas causadas. Porque do amor nasce a dor, para que o AMOR volte a ficar. É esse Amor que prevalece! É assim e sempre será...sinto-o. A vida que tu também me deste obrigou-me a partir, para depois voltar, e então, como quem me arranca algo de dentro de mim...parto de novo!

Quando volto, lá estás! O preto dos teus cabelos é agora uma brisa branca... que a sabedoria que a vida conquistada a pulso te deu. Também eu recebo essa brisa vinda de ti, algo que suavemente me embarga a alma. Ouço-te, discuto-te, debato-me mas sei quem és! E sempre te quererei assim...por muitos anos. Somos como somos, bons e maus, ganhadores e perdedores, amados e detestados... A linha limite é tão ténue, mas é essa mesma linha que nos distingue e faz de nós, nós! A vida é muito curta para se ter medo...e sinto medo, tu não... Preciso aprender isso ainda contigo. Isso e tudo o resto!

Quero que me ensines mais do que é a vida e essa tua forma de a encarar, de a enfrentar...de a venerar. E é dos sorrisos, dos conselhos...das palavras mais bruscas que me lembro quando não estou contigo. O eco da tua voz acompanha-me, é o meu escudo e sempre que alguém me quer magoar ela não o permite. Quando penso no que me ensinaste sinto-me um Cavaleiro com a Sua Armadura Impenetrável...armadura essa que só tu desarmas. É com esta distância temporal que, já com outra maturidade, eu "sinto" o teu EU. És tu...só tu, e é assim que te quero, Pai.

E um dia, quando as marcas do tempo abundarem nos nossos rostos quero rejubilar contigo...eu como Pai, tu como Avô!