Sunday, October 30, 2005

Cérebros em fuga...


Na passada 6ª feira, dia 28 de Outubro de 2005 foi noticiado algo verdadeiramente espantoso: um quinto dos portugueses com um curso superior não trabalha em Portugal. Este número, tornado público através de um relatório do Banco Mundial (BM) onde é analisado o fenómeno da "fuga de cérebros", dá conta de que Portugal é o país europeu de média/grande dimensão mais afectado pela saída de licenciados e quadros técnicos. Na lista dos Estados com mais de cinco milhões de habitantes, Portugal é 21.º, com a maior percentagem de licenciados a residir fora das fronteiras. Apesar de tal acontecimento se verificar a uma escala mundial não deixa de ser interessante o ranking do nosso país. Podem ser tidas em linha de conta algumas atenuantes neste estudo, sem especial relevo em minha opinião, o que é um facto é que o fenómeno de saída de jovens licenciados de Portugal em busca de melhores paragens é algo que ganha peso e cada vez mais é encarado como “a opção” a ser tomada. Este estudo acaba por não ser uma grande surpresa! De facto, se "em matéria de investigação, as condições das instituições estrangeiras são melhores”, como reconhecem antigos membros dos governos sociais-democratas, porque não emigrar?!
È uma verdade que a situação económica do país acaba por ser um dos factores que afasta jovens ambiciosos, que procuram o seu primeiro emprego. Aliás, é de relembrar que somos um país tipicamente emigrante, embora esta tipologia de emigração tenha mudado: nos anos 50 e 60 era maioritariamente de mão-de-obra muito pouco qualificada mudando para um fluxo de pessoas com formação superior.
Todos estes argumentos podem ser discutidos e rebatidos pela nossa classe política, acabando por se chegar a um pseudo-consenso de que é o país que beneficiará com esta emigração a longo prazo, através do regresso destes licenciados, mas também com a imigração que ocorre actualmente.

Eu pergunto, será? Porque não seguir o exemplo de alguns países Europeus, como a Irlanda, em termos de aposta nos nosso "novos valores intelectuais"? Será que o desenvolvimento do nosso país não estará em risco?

Este fluxo de emigração resulta sim duma manifesta debilidade estrutural de Portugal. Portugal vê sair os seus recursos humanos mais bem preparados e qualificados para melhorar os índices de desenvolvimento económico e social, aumentando assim a dicotomia já existente entre o nosso país e outros países da União Europeia, Japão e América do Norte.
A fuga dos nossos cérebros resulta também da complacência de alguns dos nossos políticos e investidores/gestores, que em troca de alguns votos/favores prometem fundos e mundos para melhorar aquilo que é a sua paixão, acabando por boicotar o desenvolvimento de áreas fundamentais como a ciência e a educação, por intermédio de cortes de financiamento e outras medidas que tal.
Um facto é que, apostando nestes “cérebros”, como fazem países como os Estados Unidos da América, Reino Unido, Irlanda do Norte, Suécia, Canadá e apostando também nos “cérebros” que chegam ao nosso país (lembro-me do recente caso de imigrantes do leste) poderíamos assumir um papel de maior protagonismo, não só no âmbito da União Europeia (UE) mas também no panorama mundial, com um incremento valioso na nossa competitividade. José Sócrates quererá contrariar todos estes factos com a prometida aposta no plano tecnológico. Assim aconteça…e não tome como exemplo alguns dos seus antecessores!
Senhores políticos parem com demagogias e não tirem ao país as suas mais-valias!
Posted by Picasa

3 comments:

Ledbetter said...

O meu link tá mal, não é Obvilion mas sim Oblivion!
Eheh!
Abraço de um cérebro em fuga.

Jorge said...

Depois de " A Fuga das Galinhas", a fuga dos cérebros...
Bom trabalho, continua.

Anonymous said...

Há que chamar a atenção para o já tão sabido...e sublinhar...e voltar a sublinhar...
Boa iniciativa ;)