Amor sem tréguas
Foi casualmente que pude despertar velhas paixões...e descobrir outras. Uma delas foi a Poesia. Numa procura acidental, num daqueles famosos motores de busca virtuais, deparei-me com algo... Não resisti em partilhar! Espero que aproveitem e sintam...tal como EU!
É necessário amar,
qualquer coisa, ou alguém;
o que interessa é gostar
não importa de quem.
Não importa de quem,
nem importa de quê;
o que interessa é amar
mesmo o que não se vê.
Pode ser uma mulher
uma pedra, uma flor,
uma coisa qualquer
seja lá o que for.
Pode até nem ser nada
que em ser se concretize,
coisa apenas pensada,
que a sonhar se precise.
Amar por claridade,
sem dever a cumprir;
uma oportunidade
para olhar e sorrir.
Amar como o homem forte
só ele o sabe e pode;
amar até à morte,
amar até ao ódio.
Que o ódio, infelizmente,
quando o clima é de horror
é forma inteligente
de se morrer de amor.
Este é pois, um poema de António Gedeão, pseudónimo de Rómulo de Carvalho, e faz parte duma das suas obras - Poesias Completas (1964). Para quem nunca ouvir falar desta figura incontornável da literatura Portuguesa acrescento que é dele um dos poemas mais marcantes da Lusofonia do século XX - Pedra Filosofal (in Movimento Perpétuo, 1956).
1 comment:
É raro haver um poema que me mantenha atenta até ao fim, mas quando isto acontece, fico a matutar nele durante um tempo. Aconteceu isso com este... Gostei bastante. obrigado ;)
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