Friday, December 30, 2005

A moda...á Portuguesa


Decidi aguardar algum tempo até colocar este post aqui no blog. O assunto que nele trato é, nada mais nada menos, que os famosos Pais Natais Trepadores.
Ainda há bem pouco tempo vivemos um período de pura adrenalina, com o Euro 2004, que, infelizmente, culminou numa ressaca que depressa tentámos apagar da memória. Contudo, foi um senhor brasileiro, de nome Scolari, que nos conseguiu incutir o orgulho de mostrar o que é ser Português! Ele era Bandeiras nacionais por todo lado, por todo o país, desde carros, a casas, árvores, pessoas vestidas ou sem vestuário algum…importava sim dizer bem alto PORTUGAL! Esta moda, que confesso, á qual também eu aderi, penso que se compreende...minimamente.
Mas, entretanto, nesta época natalícia, deparei-me com uma nova moda, algo que suscitou em mim uma profunda admiração e uma tremenda convicção de que somos mesmo um povo de marias-vai-com-as-outras! Refiro-me, pois, aos Pais-Natais-Trepadores, que se podem ver a título exemplificativo nas fotos que retirei dum blog destinado precisamente à amostragem deste novo fenómeno.
O mais curioso, é que desta vez, ninguém desafiou o Português para a aquisição deste adereço natalício. Não! Como se não bastasse toda uma panóplia desorganizada de luzes multicolores em inúmeras varandas deste Portugal, temos agora estes Pais Natais, em muitos casos anões, numa luta desesperada para que não caiam dos locais onde se sustentam.
Depois, em termos económicos, quem acaba por lucrar com todo este brio português são as famosas lojas de artigos chineses, que já na altura do Euro2004 vendiam imitações medíocres da bandeira nacional.

O que eu gostava de entender é o que leva alguém a comprar tal artefacto natalício?! A cada dia que passa, aparecem mais uns quantos pendurados a subir prédios, casas, postes, árvores de forma tão desajeitada que parecem dar razão ao facto de que um homem daqueles já tem idade para ter juízo.
Ou então, o velho mito de que o Pai Natal entrava pela chaminé, após estacionar o trenó nos telhados das casas, não passa disso mesmo, dum mito. Senão, vejamos: ele é imposto automóvel, seguro do trenó, via verde, biocombustível para as renas, parquímetro (isto se não for multado por exceder o tempo de utilização) – só encargos! Fora a manutenção que todo este aparato necessita. Depois não nos podemos esquecer que as chaminés existem cada vez em menor número, pelo que acaba por ser bastante mais vantajoso para o Pai Natal, delegar quase todas as suas funções a um bando de duendes, que com a fatiota da fábrica do Pai Natal fazem as entregas, não à porta, mas à varanda! Daqui lanço já o repto a todos os pais para que digam esta nova verdade aos seus filhotes…
Voltando às modas dos portugueses, gostava só de felicitar o senhor, o visionário, a mente vanguardista que iniciou esta saga de pais natais trepadores, Deve ter sido o mesmo senhor que disse ao Scolari para promover a Bandeira Portuguesa, e o mesmo que iniciou a moda do Colete reflector no banco do pendura…ou até o senhor que inventou as bolsas de cintura para telemóveis. Daqui, o meu obrigado! É por causa de mentes destas que somos o povo que somos – único! Mal posso esperar pelo Mundial 2006. O que é que esse senhor andará a tramar…


Como referi no início deste post, esperei alguns dias até colocar estas ideias aqui no Nude Thoughts pois tinha esperança. Tinha esperança que esta realidade do Pai Natal trepador fosse passageira, que sobrevivesse até ao Natal, dado o momento crítico que o nosso país vive e depois se extinguisse. Em vão formulei esta ideia...não se tratava dum acto desesperado de todo um povo em súplica, por dias melhores, ao Pai Natal. Tratava-se sim de mais uma moda portuguesa!

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