Saturday, December 24, 2005

Nós Por cá...



Ontem tive que ir ao médico, para ser mais preciso, ao otorrinolaringologista, ou para ser ainda mais preciso, ao “senhor doutor”!
Digo isto pois, apesar de ter a consulta marcada para as 18 horas tive que esperar cerca de hora e meia para que então pudesse ser recebido pelo senhor doutor. Durante esta espera, que em algumas situações pode parecer eterna, e muitas vezes desesperante, pude constatar algo que é único e impossível de verificar em qualquer outro local. Ao alienar-me dos meus problemas, observei…
Observei a senhora Maria Luísa a fazer uma bonita camisola de lã para a sua neta que havia nascido há cerca de 6 meses. Uma bela camisola, diga-se sem rodeios, onde uma mescla de novelos de lã se fundiam dando origem a um enredo em tons de amarelo, vermelho e azul celeste. «Assim a minha neta já vai ter mais uma camisolita para o Inverno» dizia orgulhosa a dona Maria Luísa.
De súbito ouve-se uma música! Música não sei se será o termo, na realidade, tratava-se de um ruído monofónico. Era o telefone da dona Adelaide. Quase incrédula com o tocar do seu telemóvel, a dona Adelaide partilhou por mais trinta segundos o magnífico toque daquele telemóvel Sagem até que o atendeu. (penso que ainda sinto o vibrar daquele toque no meu nervo auditivo). Quem era? A sua filha atenciosa a combinar o local onde poderia ir encontrar-se consigo. Como sei isto? Bem, a dona Adelaide, ainda entusiasmada com aquela melodia em volume máximo depressa se encarregou de competir com o som do seu telemóvel e partilhou em frequência máxima o seu telefonema.
Surgiu o silêncio…naquela sala de espera fria, com pessoas que embora desconhecidas, eram companheiros na saga que é esperar por uma consulta com o senhor doutor!
Fúria! Sou subitamente resgatado do meu estado de sonolência quando a dona Felismina se insurge contra a auxiliar de acção médica que chamava pela dona Cacilda. «Isto é uma pouca vergonha! Estou aqui há uma hora e essa senhora chega depois e já vai ser atendida? Uma pessoa paga para isto? Para ser mal atendida?»
«Mas a dona Cacilda tinha marcação primeiro minha senhora!» retorquiu a auxiliar.
«Agora passa, mas pá próxima veja lá se tem atenção com isso!»
A calma voltou àquela sala….
Então, enquanto o senhor António André se debatia com uma dúvida existencial, se devia entrar na casa de banho das senhoras ou na casa de banho dos homens, não porque estivesse a fazer confusão com os símbolos nas portas de acesso às diferente instalações, mas sim porque não sabia se devia mostar a sua magnífica toilette (calça de sarja cinza, camisa vermelha, blazer verde+amarelo+laranja e sapatinho preto bem demarcado com lama – sim! É uma pouca vergonha a Junta de freguesia da Poucariça de Cima ainda não ter alcatroado a minha rua pá!) surge um indivíduo que, por ter um sobretudo até aos pés, se sentia o supra-sumo dos infermos. Ele queria marcar uma consulta directamente com o senhor doutor! Pois bem…conseguiu. Tanto conseguiu que, reduziu um tempo de espera de 6 meses para cerca de 48 horas. É obra!
19h30m – «Sr Carreira! Faça favor de entrar!»


Tudo isto passou-se de verdade…algures no Portugal Português!

4 comments:

Anonymous said...

Boooooring!És mesmo parolo!
Amigo do Zé

Anonymous said...

Ó Carreira, este amigo do Zé é um autentico merdas não achas!
Inimigo do Amigo do Zé

Carreira said...

Todos são convidados a criticar, a discutir e também a debater ideias. Mas peço, não transformem isto num local de blasfémias gratuitas.

Anonymous said...

Eu gostei... DEscreveste a situação tão bem que em mim teve um enorme impacto visual. Consigo imaginar a sala, as pessoas, o toque do telemovel... Gostei ;)