Nós Por cá...
Ontem tive que ir ao médico, para ser mais preciso, ao otorrinolaringologista, ou para ser ainda mais preciso, ao “senhor doutor”!
Digo isto pois, apesar de ter a consulta marcada para as 18 horas tive que esperar cerca de hora e meia para que então pudesse ser recebido pelo senhor doutor. Durante esta espera, que em algumas situações pode parecer eterna, e muitas vezes desesperante, pude constatar algo que é único e impossível de verificar em qualquer outro local. Ao alienar-me dos meus problemas, observei…
Observei a senhora Maria Luísa a fazer uma bonita camisola de lã para a sua neta que havia nascido há cerca de 6 meses. Uma bela camisola, diga-se sem rodeios, onde uma mescla de novelos de lã se fundiam dando origem a um enredo em tons de amarelo, vermelho e azul celeste. «Assim a minha neta já vai ter mais uma camisolita para o Inverno» dizia orgulhosa a dona Maria Luísa.
De súbito ouve-se uma música! Música não sei se será o termo, na realidade, tratava-se de um ruído monofónico. Era o telefone da dona Adelaide. Quase incrédula com o tocar do seu telemóvel, a dona Adelaide partilhou por mais trinta segundos o magnífico toque daquele telemóvel Sagem até que o atendeu. (penso que ainda sinto o vibrar daquele toque no meu nervo auditivo). Quem era? A sua filha atenciosa a combinar o local onde poderia ir encontrar-se consigo. Como sei isto? Bem, a dona Adelaide, ainda entusiasmada com aquela melodia em volume máximo depressa se encarregou de competir com o som do seu telemóvel e partilhou em frequência máxima o seu telefonema.
Surgiu o silêncio…naquela sala de espera fria, com pessoas que embora desconhecidas, eram companheiros na saga que é esperar por uma consulta com o senhor doutor!
Fúria! Sou subitamente resgatado do meu estado de sonolência quando a dona Felismina se insurge contra a auxiliar de acção médica que chamava pela dona Cacilda. «Isto é uma pouca vergonha! Estou aqui há uma hora e essa senhora chega depois e já vai ser atendida? Uma pessoa paga para isto? Para ser mal atendida?»
«Mas a dona Cacilda tinha marcação primeiro minha senhora!» retorquiu a auxiliar.
«Agora passa, mas pá próxima veja lá se tem atenção com isso!»
A calma voltou àquela sala….
Então, enquanto o senhor António André se debatia com uma dúvida existencial, se devia entrar na casa de banho das senhoras ou na casa de banho dos homens, não porque estivesse a fazer confusão com os símbolos nas portas de acesso às diferente instalações, mas sim porque não sabia se devia mostar a sua magnífica toilette (calça de sarja cinza, camisa vermelha, blazer verde+amarelo+laranja e sapatinho preto bem demarcado com lama – sim! É uma pouca vergonha a Junta de freguesia da Poucariça de Cima ainda não ter alcatroado a minha rua pá!) surge um indivíduo que, por ter um sobretudo até aos pés, se sentia o supra-sumo dos infermos. Ele queria marcar uma consulta directamente com o senhor doutor! Pois bem…conseguiu. Tanto conseguiu que, reduziu um tempo de espera de 6 meses para cerca de 48 horas. É obra!
19h30m – «Sr Carreira! Faça favor de entrar!»
Tudo isto passou-se de verdade…algures no Portugal Português!
4 comments:
Boooooring!És mesmo parolo!
Amigo do Zé
Ó Carreira, este amigo do Zé é um autentico merdas não achas!
Inimigo do Amigo do Zé
Todos são convidados a criticar, a discutir e também a debater ideias. Mas peço, não transformem isto num local de blasfémias gratuitas.
Eu gostei... DEscreveste a situação tão bem que em mim teve um enorme impacto visual. Consigo imaginar a sala, as pessoas, o toque do telemovel... Gostei ;)
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