Tuesday, May 30, 2006

Scolari, o Mundial e nós!





Já aqui escrevi no Nude Thoughts sobre este assunto mas não resisto a fazer um último comentário à nossa selecção, ao seleccionador e ao mundial 2006, adaptando em parte um artigo de opinião que vi no blog Desblogueador de Conversa. Desde o início o comandante técnico da Selecção Nacional de Futebol, Luís Filipe Scolari, tem sido alvo de muita polémica – é um facto. Antes de me lançar neste artigo de opinião, quero alertar que sou Sportinguista de alma e coração, e não renego o meu clubismo! Não me considero um doente da bola, mas explano assim a minha “cor” futebolística para evitar alguns ataques rasteiros, mesquinhas ou eventualmente alguns mal entendidos.
Findado o campeonato e todas as provas que envolviam o meu clube sofro agora com a Selecção Nacional. Apesar de ser um sentimento diferente, a Selecção Nacional desperta em mim um sentimento diferente, algo de nobre…não é explicável! Depois é importante que esclareça uma coisa, uma vez seleccionados os jogadores que vão representar a Selecção, eu esqueço o meu clube e visto a camisola da Selecção! E aqui, apesar de ter uma opinião, que já manifestei, sobre os seleccionados, tanto me faz se se tratam de jogadores que provenham do Benfica, do F.C. do Porto, do Sporting, do Dragões Sandinenses, etc.. Se eles forem a melhor opção, sob a óptica do seleccionador para aquele lugar, para mim, acaba por ser o mais importante.
Assim sendo, e reportando-nos aos factos, os 23 seleccionados que irão constituir a nossa 4ª selecção num Campeonato do Mundo de Futebol já foram escolhidos!

Das nossas anteriores participações há a registar somente um brilhante 3º lugar, logo na estreia, em 1966. De 1986 e 2002 nem vou falar de tão vergonhosa que foi a participação dos nossos representantes: recordemo-nos da vergonha que foi o “Caso Saltillo” (1986) ou o famoso estágio de Macau (2002).
O Saldo

Como é fácil ver, o saldo é tudo menos positivo e de que nos mereça orgulho. Ao longo destes anos do que me lembro é da típica dorzinha dos “ses”. Ou seja, se aquela equipa ganhar àquela e se aquelas duas empatarem, talvez se ganharmos por 7 à França consigamos participar naquela grande prova internacional. Houve excepções é um facto – 2002 e 1986. Muito pouco, para o “Brasil” da Europa!

Scolari

Scolari chegou a Portugal com vários títulos no currículo, sendo um deles o de Campeão do Mundo. Também trazia um longo historial de conflito com a Imprensa e sobretudo sendo ele o Sargentão, devido à sua intransigência na tomada de algumas decisões, nomeadamente na escolha de jogadores, quer na selecção brasileira, quer nos clubes por onde passou. O mediático caso Romário é o mais conhecido e o que melhor retrata este facto. Foram várias as pressões mas o “baixinho” ficou em casa e percebe-se o porquê. Romário é bastante conhecido pelas suas noitadas, indisciplina (dentro e fora do campo), falta de aplicação nos treinos, algo que sempre compensou com golos, muitos golos. Scolari não vai nisso e embora o Brasil tenha mil e um Romários e potencial para formar inúmeras selecções capazes de lutar pelo título mundial não é fácil consegui-lo – com Scolari conseguiram-no.

Agora, e como nunca, os critérios de selecção dos nossos jogadores foram postos em causa.
Vejamos:
1. Caso Vítor Baía. Vítor Baia, foi titular da selecção nacional em 3 fases finais de Campeonatos do Mundo/Europa. Na Selecção nunca o vi como um supra-sumo da baliza. Falhou como os demais, e não é nenhum escândalo o Vitor “Balizas” não ir ao Mundial. Se não foi convocado até aqui, não percebo o porquê de continuarem a insistir nesta tecla.

2. Caso "jogadores não titulares nos clubes a serem convocados". Para mim este é um tema muito quente e o mais sujeito a discussão. Contudo parece-me que muita gente não quer ver o que é fácil de perceber - a forma de funcionamento de Scolari. A selecção passou de ser uma amálgama de jogadores que estão em boa forma numa determinada altura, para passar a ser um grupo de jogadores que garantiram o apuramento e que dão certas e determinadas garantias ao seleccionador. Quem perceber esta visão, entende as convocatórias. Quem não o fizer continuará ad eternum a discutir as suas escolhas. A dizer que o Manel das Fintas é melhor que o Manel Revienga da Silva e que o seleccionador é uma besta.
É de extrema importância um núcleo duro de jogadores, que se sabe o que podem fazer, como reagem, como interagem uns com os outros, como resolvem conflitos, que actuam como um grupo, que se sabe como actuam em grupo, como sentem a camisola, como embirram uns com os outros…
Basicamente, é tentar aplicar a um grupo de profissionais, aquilo que de bom, têm os métodos militares de preparação de pessoas – daí o seu nome de Sargentão. É uma filosofia aplicada aos poucos e poucos, nos diversos jogos e estágios que ocorrem em cada ciclo de qualificação. Os jogadores que fazem grande parte dos jogos de apuramento, são naturalmente recompensados com a eleição para a selecção para a Fase Final. Dificilmente haverá neste tipo de convocatórias, lugar para malta com Taxa de Bazófia em excesso, jogadores demasiado individualistas, jogadores com o ego demasiado insuflado, que criem certo tipo de conflitos. Uma vez escolhido este núcleo duro, muito dificilmente o treinador abdicará destes jogadores. O problema de muita gente neste país, é que ainda não percebeu isto e continua a reclamar por algo que Scolari nunca lhes deu, nem dará (escolher sempre os jogadores que estão em melhor forma, num determinado momento) e continuará a dizer que esta é a "Selecção dos amigos do Scolari" ou a "Selecção do Scolari" em contraposição à Selecção de Portugal. Pelos visto, também aqui, e depois de ver a Selecção com Costinha a jogar, dou razão a Scolari!

3. Caso Quaresma. Depois de terem desistido do caso de Baía (uma vez que já nem o treinador do seu clube lhe entrega a titularidade), os responsáveis – e por tabela os adeptos, sempre tão bem mandados – do Futebol Clube do Porto, viraram-se para este seu jogador reclamando a sua convocação. Gostava de ver este jogador no Mundial, não nego, mas não me escandaliza a sua não-convocação, por coerência com o que disse anteriormente. Senão, quantos jogos de apuramento fez o jogador? Zero! Quantas vezes foi convocado? Uma, para um jogo particular. Tudo isto, e juntando alguma irregularidade exibicional, nomeadamente nos jogos "a doer" – o Porto só ganhou um jogo com os grandes e recordemo-nos das exibições deste jogador nos referidos jogos! Acho que o tempo de Quaresma virá, em breve. Acho que se Scolari ficar nesta selecção irá convocar Quaresma para que dê o seu contributo no apuramento para o Euro-2008. E depois, findada a nossa participação no Euro2006 sub-21, percebe-se que este ainda não era o momento de Quaresma.
Da origem das críticas

Para mim, Scolari, até à data, pelos resultados apresentados, é o um dos melhores seleccionadores nacionais de futebol de sempre, à semelhança de outro brasileiro – Otto Gloria. Foi a uma final de uma grande competição internacional e apurou Portugal com alguma "aparente facilidade", sem derrotas e com um dos melhores ataques da zona de apuramento europeia. Mas isto não chega para os críticos. Críticos que são quase sempre os mesmos…e para quem nunca nada está bem!

E assim se vive neste país à beira mar plantado…